PELE E MADRUGADA
A pele se expõe à luz tênue,
tocando a quietude da madrugada,
quando tudo ainda está por dizer,
mas o corpo já sabe o que quer.
Entre os poros, o peso das horas
que se arrastam devagar,
enquanto o mundo adormece,
o silêncio é profundo e pleno.
O toque da noite é sutil,
quase imperceptível,
como um suspiro que se dissolve no ar,
perdido entre o que é e o que nunca foi.
Não há palavras.
Só a respiração,
o ritmo que não se apressa,
um movimento sem direção,
uma busca constante por algo intocado.
A madrugada veste o corpo
como um manto invisível,
e a pele, agora nua,
se funde com o instante
onde o tempo não é mais amigo.
E é nesse espaço vazio,
onde a ausência se faz presença,
que a pele se encontra com a madrugada
e ambos, sem se explicarem,
se tornam um só.
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