31 julho 2025

LIBERTANDO SUAS VOZES

  

Libertando Suas Vozes

Houve um tempo
em que as palavras dormiam em cavernas,
medrosas do mundo,
caladas em mim.

eu andava com o peito cheio,
mas os olhos vazios.
um semáforo interno sempre no vermelho.

até que um dia,
uma fresta se abriu —
pequena, tímida, mas infinita —
e dela saíram
minhas vozes esquecidas:

as que cantavam sem medo,
as que choravam sem vergonha,
as que gritavam para não desabar,
as que apenas sussurravam "estou aqui".

libertar as vozes
é aceitar que se é
muitas.
confusas,
contraditórias,
vivíssimas.

e que ser inteiro
é ser incompleto sem medo.

por isso, hoje,
não amarro mais as palavras:
eu as solto,
eu as entrego,
eu as deixo viver
como vento
sobre mim.



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