14 julho 2025

HOJE NÃO VOU CHOVER

 

Hoje não vou chover.

 

O céu, antes cinza e taciturno,

acordou com um piscar de sol.

As nuvens, que ontem eram manto,

hoje desfilam em algodão e anil.

 

Não há lamento em minha promessa,

nem tristeza no ar que respiro.

Apenas um silêncio que confessa:

quero ser leve, quero ser estio.

 

Asfalto seco, telhado sedento,

esperem mais um pouco.

Hoje, a melodia do vento

é o único orvalho que provoco.

 

Guardo as gotas, as lágrimas,

o pranto que a terra espera.

Hoje, o poema são as brisas,

a dança quieta da primavera.

 

Não chovo. Permito que a luz

desenhe sombras no chão.

Sou a calma que conduz

o dia para outra canção.

 

E amanhã? Ah, amanhã

o destino talvez me convide.

Mas hoje, a alma soberana

decide que não, não chove.

Portanto, não vou chover.

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