01 julho 2025

DESERTO EM MIM

Deserto em Mim

 

Antes de você,

o tecido da minha pele

era um mapa de ausências,

dobras de um tempo que não chegava.

A cada poro, um suspiro preso,

o eco mudo de um horizonte sem cor.

Eu era a estação à beira do trilho,

vendo trens passarem,

sem nunca embarcar.

Um deserto onde a sede

era a própria paisagem,

e a espera, o único oásis.

Naquele solo, nenhuma semente brotava,

apenas a promessa vazia

de uma chuva distante.

Era eu,

a tela em branco à espera da cor,

a canção sem melodia,

o livro aberto em página nenhuma.

Só espera.

Um mar calmo demais,

sem ondas para quebrar o silêncio,

sem a correnteza que arrasta e transforma.

Eu era o antes,

a quietude árida,

a paisagem sem nome,

aguardando o verbo que me faria ser.

 

 

 


 

 

 

 

 

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