ela já estava desanimada
de sentir falta de algo que
nunca teve
mas sempre acreditara
que seria
ou poderia
ser agora
que estava perto de ter
para crer.
ocorre que o agora sempre ficava para depois.
e quando chegava (se chegasse)
o agora já era tarde.
quando saía de casa (se saísse)
perdia-se em devaneios
porque a cada esquina tinha pensamentos
sobre tempos que nem existiram
porque nunca existiriam mesmo.
pensamentos a esmo
de braços e abraços com a esperança
de encontrar logo ali uma voz.
e quando dava de cara com a realidade
perdia-se naquela dor aflita
ardida e atroz
de saber que aquilo que não tivera
mas houvera de querer
nunca havia tido
também
talvez
nunca haveria de ter.
Vicente
.
.
.
"Venham até a borda, ele disse. Eles disseram: Nós temos medo. Venham até a borda, ele insistiu. Eles foram, Ele os empurrou... e eles voaram."
(Guillaume Apollinaire)
Um comentário:
é porisso que eu não saio daqui.
daqui eu levo doces.
abraço.
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