As coisas que não terminam
Tem gente que vai embora
como se fosse simples —
fechar a porta, virar o rosto,
levar a xícara preferida.
Mas esquece um rastro.
Esquece o nome no espelho
e um verso que ninguém escreveu.
Fica o passo na madeira.
O cheiro preso no armário.
O riso guardado num talher.
Fica até a briga mal resolvida,
pendurada na maçaneta
feito lenço que ninguém recolhe.
E eu?
Eu vou juntando os fragmentos,
fingindo que são cacos de um vaso antigo
e não do meu coração.
Fico ensaiando despedidas
pra quando não doer mais.
Mas meu peito vira enredo
toda vez que o silêncio respira teu nome.
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