03 janeiro 2007

CEMITÉRIO DE NAVIOS?

(Para o Wilson Guanais)

De tudo que se avista daqui é o que se lê.
Quase como descrição, de título e de intenção.
Mas não se enganem, não é isso.
Se é cemitério, onde estão os sinos?
Os Alvarengas destroçados?
Não se avista Batelão desmantelado,
Barca, Barcaça ou Bergantim.
Prestes a afundar.
Improviso, sim,
"De asas abertas, como se fosse decolar".

De onde se observa, não se vê quilhas enferrujadas,
Âncoras desancoradas, timões desajeitados,
Correntes sem elos. Só elas.
As poesias.
Essas sim, têm de sobra. Luxuosas,
Como Transatlânticos,
Até no subsolo, como se no cemitério
“Estivéssemos acolhidos entre dois infinitos”.
Não há briga, nem Brigue, mas Fruto
E suave brisa que impulsiona Caravelas,
Naus e Patachos, ainda que não tenham velas.

Se há Cargueiros ancorados
Esperam, harmônicos, os sonhos de partirem
Para mares tantas vezes navegados.
Aí se pensa em como se cruzam Chatas com Clíper
Corveta com Cúter, e Draga com Iate.
Mas não se esbarram, não afundam.

Talvez se encontre Sagrado, mas Encouraçado?
Reluz de proa e popa próximo da Escuna,
E da Fragata, Simples e Confortável Mente.
Quem viu o Galeão a Galera, a Lancha, o Lúgar?
Nenhuma Nau a vista e não tem Navio de Desembarque.
Encalhado, virado, abalroado.

Bote, Palhabote, paquete, patacho,
Pesqueiro, Saveiro, Sumaca ou Pontão
Rebocador, Submarino, Vapor,
Vapor de Rodas, e Veleiro
, nada disso.
Mas existe Trama, Renovação,
E muita Construção
Parece fábrica de emoção.
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Vicente
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" Coisa de quem sabe o lado de dentro da dor..."
Wilson Guanais

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"O orgulho dos poetas não passa de defesa; a dúvida atormenta até mesmo os melhores; eles necessitam de nosso testemunho para não se desesperarem. "
(François Mauriac)
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Um comentário:

Anônimo disse...

Parece mesmo fábrica de emoção!!!! Vc soube bem juntar palavras e sentires! Ficou demais!