31 janeiro 2007

DNA

a carne me falou à razão
tatuou-me
a epiderme
dos sentidos
por isso exagerei
quando descobri
o formato
que havias
desenhado
em meus
cromossomos.
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Vicente
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"... Não se pode não ser intensa quando dos verbos vazam versos de magia que causam inundação nos olhos com lembranças de um dia...".
Clarinha
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30 janeiro 2007

INEXATIDÕES

a luz dos teus olhos
(com alto teor
de aurora)
iluminou-me

e só agora
percebo
a porcentagem
do ocaso
mortiço

muito após
a possibilidade exata
da última gota
(que eu sorvia)
da noite
que se aproximava.
.
Vicente
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"...Em brilhantes giros e rodopiantes grangetes e pliés, ela se contorcia em balé sincronizado com a água...."
Marcela Bertoletti
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29 janeiro 2007

THESE EYES

teu olhar
tem um brilho aceso
que faz do momento
presente
aquela íntima
indiscutível
intransferível festa
QUE NÃO SE CONCRETIZA
entre nós
qual extravagante
brincadeira de verdade
que a gente arrisca
no meio de todo o barulho
de todo o caos
em busca da
PAZ
comum
da
VONTADE
incomum.
.
Vicente
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"entre o muito e o muito pouco existe um meio caminho oco, um caminho vazio no meio do nada, um instante vácuo no cio pronto para ser concebido. no meio do caminho havia...um caminho do meio."
Clauky Saba
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28 janeiro 2007

EXPLORADOR

dançam mãos
em corpos de acalantos
enigmas palpáveis
cabelos e pêlos
que se escoam
em depilações
e músculos exatos
de abraços sinceros.

assim
muito mais agradecerei
à ávida
vida
por ter feito de você
a minha melhor
descoberta.
.
Vicente
.
.
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"E me redescobri gostando da blogueira que sempre fui. Resolvi voltar a ser o que era e ir um pouco além - beirar a imagem que ele tem de mim. Sem literatura, mas com muita paixão pelas letras, pela vida, por vocês!..."
Loba
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MOCINHA

ela me chamava de moço
e a todos dispensava este tratamento honroso.

chamavam-na de “Mocinha”.
às vezes aparecia com seu jeitinho de bugra
pouco menos que esfarrapada
aspecto pedinte
a conseguir qualquer alimento ou moeda.

conta-se que se entregava com facilidade
a troco de qualquer troca
de qualquer docilidade.

por isso ninguém entendeu
quando seu corpo foi encontrado
nu
de todos os pertences
vestido
de todas as violências
(ponto final)
.
Vicente
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"...Para que tudo não perca as cores ou a melodia, é importante deixar recadinhos, bilhetes e e-mails com palavras que nascem dos prazeres diários..."
Alequites

27 janeiro 2007

LEMBRA?

lembra que eu pedi
que acendesse o incenso
para me ler
e o corpo para me reter?

que preparasse o café
e o espírito
para falar de você?

lembra que seus compromissos
foram adiados
porque eu havia chegado?

eu lhe quis por perto
com a vontade
da primeira
caipirinha
e da última
emoção.

o que foi que aconteceu então???
lembra não?
.
Vicente
.
.
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"E no fim do poema me pareço
(como já diria o Neruda)
com a palavra melancolia.
Fê Notável
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26 janeiro 2007

PLEXUS

existe algo de vazio entre nós.
algo de solitário sabendo-se
a madrugada
solitária.
já não apreciamos os tons roucos
de Cássia Eller
as melodias de Milton
nem as de Chico
que ambos são nossos ídolos
(ainda são os mesmos!)
em idolatria tão segura e tão frágil.
esse vazio que nos envolve é como o fio
da adaga que se percorre
como sobre a corda bamba.
falta-nos o nexo
porque não quero empregar todas
as letras
para formar corretamente
a minha sentença.
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Vicente
.
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"Eu estou só e tenho que matar baratas!..."
Deia
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25 janeiro 2007

HIPÉRBOLE

meu verso
e eu
podemos
parecer hiperbólicos
mas não há hipérbole
ao afirmar que você
(feita de
poesia e sorrisos)

explende

além do brilho das estrelas.

não há hipérbole
apenas juntamos pedacinhos.
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Vicente
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"Em algum canto do mundo encontrarei você. Passem noites e dias, em claro ou no escuro, tentarei encontrar você..."
Nilza
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24 janeiro 2007

SER

ela é o ser
que designa
por antonomásia
a existência real e absoluta.

a que
exprime a realidade
em contraposição
à mera aparência
ou simples mostra.
uma coisa
é o que ela é
outra
é o que ela pode ser.

existem
e estão nela
as características
e qualidades indicadas
pelos adjetivos
que acompanham
e determinam o verbo
surpreender

para que eu me ache
ou me encontre
em um dado momento
em um dado lugar.
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Vicente
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"Perco-me recolhendo tuas palavras, alinhavando os retalhos do teu riso dissonante..."
Zingarah
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23 janeiro 2007

RIDÍCULO

ainda não percebi a lógica
daquele aceno
com o qual
teu braço
me saudava.

menos ainda
a pronta resposta
do meu sorriso
e do meu braço
que todo bobo acenava.
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Vicente
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"Acho que quando morremos a terra-útero nos concebe em outros (in)finitos fundos nunca findos-vindos."
Diovvani Mendonca
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22 janeiro 2007

OUTRA VIAGEM

desça do sonho
que
daqui a pouco
passam outros
e a gente pode escolher
se embarca
(com estilo)
no próximo grito
ou
na próxima ilusão.

acenda em mim a fogueira
que ilumina
ventres
para que os reflexos de
umbigo
se perpetuem
de tanto prazer
de tanta paixão.
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Vicente
.
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"Neurose
Separou o joio do trigo e separou o trigo do trigo, por fim separou-se do trigo.
Wilson Guanais
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21 janeiro 2007

EX-PERANÇA

e era
um vento
forte e vigoroso
que soprava confundindo
anemômetros.

só agora
extinto
após tornar-se
débil sopro
sabe-se que seu nome
era
esperança.

era.
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Vicente
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"...Ela vestiu a "Velha Roupa Colorida" para um "Retrato Em Preto E Branco..."
Claudinha
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19 janeiro 2007

ENQUANTO VOCÊ ME LIA

(Enquanto você me lia
eu ouvia MPB
na sua vitrolinha.)

- escolhe uma voz feminina.
!! ??? !!!
- tá bem, pode ser masculina.

esse seu coração
sempre falou mais alto
na hora das escolhas.
besteira a minha
não ter compreendido
por todo aquele tempo
depois de tanto tempo
que havia espaços entre nós.
estreitados em seguida
tempos e espaços
brotaram afinidades
que subjugaram a amizade
que não sobreviveria
que não sobreviveu.

irrecuperável.

perdeu-se em intimidade
e sensibilidade.

perdemos.
perdi.
perdeu.
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Vicente
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"...Que se debrua de sóis enclausurados, entre os hiatos de seus olhares de contemplação..."
Zingara

17 janeiro 2007

AGORA É NOITE

hoje
mais que nunca
queria seu ombro amigo
e silencioso
(nessa noite enorme)
para chorar em mim
todas as águas
que me encharcam.
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Vicente
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"...Só que você ainda não percebeu que viver é essa grande prova de múltipla escolha onde só é possível escolher uma resposta para cada questão..."
Márcia do Valle
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09 janeiro 2007

DOCE POEMA

Meu doce
tem formigas
abelhas
vivas na flor

Poesias
e mais poesias
no cadernode receitas

Meu doce
tem formigas
escalando
o açucareiro.
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Wilson Guanais
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Continua aqui: http://www.cemiteriodenavios.blogspot.com//
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Esse foi o Wilson que fez pro Vicente.... Show....
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Postado originalmente em 09/09/06
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08 janeiro 2007

DORA VILELA E SEU FILHO MARCELO

"...Você redescobre para nós o ar primaveril perdido na manhã esmaecida da nossa infância.
Sei que você pode sofrer e se machucar com a maldade humana, porém seu coração não abrigará nunca a marca indelével e triste do remorso..."
Dora Vilela

no tocante poema-depoimento
"Ao Meu Filho Marcelo."
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Continue aqui: http://pretensoscoloquios.zip.net/...
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"O sofrido atrapalha o vindouro, ofusca o olhar e o que chega agora não deve ser nem alegre, nem triste, deve ser o novo apenas, para se escolher livremente sem as consultas às sombras..."
Dora Vilela.
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07 janeiro 2007

UIVOS

(Feito pra Loba)
maravilhosa
festa dos sentidos.
estou para ouvir
uivos do presente.

meu passado me critica
angustiado
os silêncios que criei
as falas que perdi.
grito
entretanto.

lá fora faz silêncios
mas aqui dentro eu grito.
o vão da janela do Windows
se ilumina
porque agora te vejo e leio.
hei de abrir
escancarar ainda
as portas
as venezianas emperradas.

via-me pelos meus olhos.
beijava-me pelos meus lábios.
turvavam-se em mim
as vistas
com o embaralhar
de tantas palavras
que roubei de mim mesmo.
nas agora
não.
agora quero outras palavras
outros sons.
agora quero só os seus uivos.
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Vicente
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"...Adoro cometer pecados capitais! Especialmente aqueles tatuados nos desejos, divinos,pelo cio..."
Loba..

Continua aqui: http://corpusetanima.blogspot.com/Ou aqui: http://blog-miolo-de-pote.blogspot.com/.
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06 janeiro 2007

ADOLESCER

também queria contigo adolescer.
rever sonhos de todos os rostos jovens que te vi.
queria reter na íris a emoção de te ver
crescendo em mim
comigo crescendo em ti.

queria ver-te vertendo em abundante juventude
rever vivências de risos tão adolescentes
perder-me aos gritos do tempo em quietude
de brancos dentes que riem impacientes.

queria sentir-te no centro do meu anseio
de perceber-te hipótese e teoria
de reclamar-te sonho onde permeio
esperança
vida
luz e alegria.

queria o eriçar dos fios que revelasse
e demonstrasse
sim
as minhas emoções
maduras
ao tocar-te a pele que desencadeasse
o abstrato desejo mais concreto que passasse
deslizante
por teus ombros e costas e nuca e cabelos
para agradar-te ao te agarrar com o gosto que gostasse
de adolescer-te em todos os teus pêlos.
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Vicente
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"Dedicatória
Ao leitor a carne do poema, ao não-leitor os ossos do ofício. "
Wilson Guanais

Continua aqui: http://www.cemiteriodenavios.blogspot.com//
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05 janeiro 2007

EU TE DEVORO

eu te devoro

não porque queres
mas para florescer em mim
tua semente-poesia

e fartar minhas abelhas
de doce do teu pólen

Loba

Continua aqui: http://www.corpusetanima.blogspot.com/
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04 janeiro 2007

MISTERY

havia uma vontade
de estar perto pra se fazer ouvir.

uma intenção
de carinho e afeto
um trocar de números
e uma ânsia
de se falar
de se tocar.

mas podiam ser duas as vontades.
não deveria haver a confusão
mas haveria de acontecer os falares
os encontrares

antes que os cabelos se tocassem
e se molhassem
e cheirassem a xampu
e mistérios.

Vicente
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" O que mais desespera não é o impossível, mas o possível não alcançado. "
(Robert Mallet)
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03 janeiro 2007

CEMITÉRIO DE NAVIOS?

(Para o Wilson Guanais)

De tudo que se avista daqui é o que se lê.
Quase como descrição, de título e de intenção.
Mas não se enganem, não é isso.
Se é cemitério, onde estão os sinos?
Os Alvarengas destroçados?
Não se avista Batelão desmantelado,
Barca, Barcaça ou Bergantim.
Prestes a afundar.
Improviso, sim,
"De asas abertas, como se fosse decolar".

De onde se observa, não se vê quilhas enferrujadas,
Âncoras desancoradas, timões desajeitados,
Correntes sem elos. Só elas.
As poesias.
Essas sim, têm de sobra. Luxuosas,
Como Transatlânticos,
Até no subsolo, como se no cemitério
“Estivéssemos acolhidos entre dois infinitos”.
Não há briga, nem Brigue, mas Fruto
E suave brisa que impulsiona Caravelas,
Naus e Patachos, ainda que não tenham velas.

Se há Cargueiros ancorados
Esperam, harmônicos, os sonhos de partirem
Para mares tantas vezes navegados.
Aí se pensa em como se cruzam Chatas com Clíper
Corveta com Cúter, e Draga com Iate.
Mas não se esbarram, não afundam.

Talvez se encontre Sagrado, mas Encouraçado?
Reluz de proa e popa próximo da Escuna,
E da Fragata, Simples e Confortável Mente.
Quem viu o Galeão a Galera, a Lancha, o Lúgar?
Nenhuma Nau a vista e não tem Navio de Desembarque.
Encalhado, virado, abalroado.

Bote, Palhabote, paquete, patacho,
Pesqueiro, Saveiro, Sumaca ou Pontão
Rebocador, Submarino, Vapor,
Vapor de Rodas, e Veleiro
, nada disso.
Mas existe Trama, Renovação,
E muita Construção
Parece fábrica de emoção.
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Vicente
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" Coisa de quem sabe o lado de dentro da dor..."
Wilson Guanais

Continue aqui: http://www.cemiteriodenavios.blogspot.com/
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"O orgulho dos poetas não passa de defesa; a dúvida atormenta até mesmo os melhores; eles necessitam de nosso testemunho para não se desesperarem. "
(François Mauriac)
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02 janeiro 2007

01 janeiro 2007

OS MAIAS

(para a Márcia Maia)
Se tudo eu entendesse de criação,
eu te criaria a partir do seu código fonte.
Não seria por ti a leitura
da poesia ou prosa poética mais pura,
mas ao contrário
te veria aberta
em meu próprio horizonte.
E não me faria a mim criador
nem a ti criatura.
Serias parceira
de recostar-se em cadeiras
espreguiçadeiras,
a esmiuçar os pôres-de-sóis,
a perceber os pardais,
a nem se lembrar que era fim do dia.
Haverias, certamente,
de ser somente
a semente
que nascesse
Márcia
e germinasse poesia.

Vicente
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"...dizer que nublaram-se olhar e tarde além de beirar o lugar-comum não traduz o nó que (onde no corpo a alma se insere) germina..."
Márcia Maia.

Continue aqui: www.tabuademares.blogger.com.br ou aqui: www.mudancadeventos.blogger.com.br..
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Postado originalmente em 15/07/06