30 junho 2024

NOVO DE NOVO

  

NOVO DE NOVO

 

Eu já não me sentia assim tão verde

tão adolescente.

senti que era a primeira vez

porque foi

a primeira vez

que fui convidado

para ver a lua

e de contrapeso,

para dançar.

gesto automático, olhei o céu

e parecia fazer sentido o convite

que era um pedido.

deixei a casa mais fechada onde eu estava e

encarei de frente a cidade, a cidadela,

a cidade minha e dela

pela vidraça fechada da janela.

aproveitei para experimentar cada gota

daquelas palavras

que me vinham pelo telefone.

desligo tudo e me desligo em busca

das procuras interiores:

um banho, um uísque, um perfume

um toque final no traje bem passado

de rami e linho.

inauguro em mim algumas peças mal trocadas,

quebradas, estilhaçadas.

inauguro sonhos, esperanças, idéias, trapalhadas.

eu na rua após alguns degraus que descem para o agora.

se é para se arriscar

que me entregue primeiro

que me derrame por inteiro.

a lua é testemunha de tudo que é verdadeiro:

a dança, a fé, a pouca lembrança

do muito que corre em nossas veias

e ocorre, enredando-nos

nas teias das coisas que nos chegam

apenas por intenções

leves intenções

 

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