15 junho 2024

ECO DO BREU

  Eco do Breu

 A noite se aprofunda,

Cinco, talvez seis.

A lua se esconde.

A luz não se avizinha.

Procuro meu vulto na janela embaçada.

Me perco no espelho que me ignora.

Há um véu de névoa fria em meu redor.

De novo sou eu a não ver o amanhã.

Seja por um cansaço profundo

Ou por me querer demais,

Decido me abraçar e sussurrar segredos só meus.

 

Arrastando passos lentos nas vielas.

Errante observador, entre sombras e sussurros.

Eu me calo com a minha própria voz

Por não achar a melodia perfeita.

Mas insisto em me ouvir.

Agora sou eu o público e o palco.

Um palco onde a alma se desnuda.

E a plateia, no caso, sou eu.

 

Não cantei nada porque não há melodia.

Desapareço do palco sem me aplaudir.

Lanço a mim um olhar de resignação,

Mas não tem jeito,

Eu aceito.

Hoje a estrela não vai brilhar.

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário