Esperança dos Séculos
Carregam os séculos nos
ombros
como quem carrega um filho
adormecido:
com cuidado,
com medo,
com fé.
Passam guerras,
impérios de poeira,
decretos e desastres —
mas algo insiste
no canto de uma criança,
na teimosia das sementes,
na dança dos cometas.
A esperança não é nova,
nem velha:
é o intervalo entre um
colapso e um recomeço,
é o silêncio antes do
primeiro acorde,
é o gesto de estender a
mão
mesmo quando o outro já
partiu.
Ela dorme em livros
esquecidos,
nas pedras que
testemunharam
milênios de promessas
quebradas,
e ainda assim
brilha.
Porque os séculos
aprendem:
mesmo em ruínas,
a vida cava espaço,
e brota.
"Cada escolha de hoje despeja suas águas
na vastidão do amanhã."
Vicente Siqueira
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