04 dezembro 2025

ESPERANÇA DOS SÉCULOS

 

Esperança dos Séculos

Carregam os séculos nos ombros

como quem carrega um filho adormecido:

com cuidado,

com medo,

com fé.

Passam guerras,

impérios de poeira,

decretos e desastres —

mas algo insiste

no canto de uma criança,

na teimosia das sementes,

na dança dos cometas.

A esperança não é nova,

nem velha:

é o intervalo entre um colapso e um recomeço,

é o silêncio antes do primeiro acorde,

é o gesto de estender a mão

mesmo quando o outro já partiu.

Ela dorme em livros esquecidos,

nas pedras que testemunharam

milênios de promessas quebradas,

e ainda assim

brilha.

Porque os séculos aprendem:

mesmo em ruínas,

a vida cava espaço,

e brota.

 

 

              

                          "Cada escolha de hoje despeja suas águas 

                                   na vastidão do amanhã."

                                                                    Vicente Siqueira

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