Pele em Arrepios
Porque a minha pele, aos arrepios,
insistia em diluir a solidão que agora era realidade.
Não era o frio que me envolvia,
mas o gume afiado do vazio,
o contorno gelado de um espaço ausente.
Eu, o homem, sentia cada pelo se eriçar,
como antenas buscando um sinal,
um toque, uma presença.
Era a carne que reagia,
na sua sabedoria antiga,
à vastidão do que me cercava.
Cada célula gritava por calor,
por um abraço que não vinha,
por um braço que não se estendia.
A solidão, antes um sussurro,
agora era um grito rouco,
e a pele, em sua sensibilidade,
tornava-se o campo de batalha.
Nesses calafrios sem causa aparente,
nesse tremor que vinha de dentro,
eu via a luta do corpo por conexão.
Era a tentativa desesperada
de um eu fragmentado,
de um sentido ainda sem nome,
de encontrar no próprio tato
a ponte para outro.
E, em cada arrepio,
uma verdade: a solidão
é pesada demais
para a pele suportar sozinha.
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