O Labirinto e o Abraço
É uma busca profunda,
um mergulho sem fim
nas águas turvas do próprio ser.
Eu, o homem que tateia,
sinto as paredes do labirinto,
cada curva uma nova questão,
cada eco uma voz que se cala.
Não há um mapa pronto,
nem um fio de Ariadne
para me guiar à saída.
São camadas e mais camadas,
de medos que dançavam nas sombras,
de rotas que não chegam a lugar nenhum,
de manhãs que vi nascer
e que ainda me compõem.
Mas nessa jornada,
nessa incessante procura
pelo sentido que me habita
e que jamais capturei,
surge a leveza de um talvez.
Talvez uma aceitação.
A complexidade do eu,
não como um fardo,
mas como a própria tela
onde a vida pinta suas cores mais ricas.
É o abraço ao paradoxo,
ao inexplicável que sou,
ao mapa incompleto que me define.
E nesse acolher,
nessa rendição à vastidão do que não se sabe,
encontro a mais pura liberdade:
a de ser, simplesmente,
o homem em sua infinita e bela complexidade.
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