31 dezembro 2024

ESPERANÇA DOS SÉCULOS

 Esperança dos Séculos

Carregam os séculos nos ombros
como quem carrega um filho adormecido:
com cuidado,
com medo,
com fé.

Passam guerras,
impérios de poeira,
decretos e desastres —
mas algo insiste
no canto de uma criança,
na teimosia das sementes,
na dança dos cometas.

A esperança não é nova,
nem velha:
é o intervalo entre um colapso e um recomeço,
é o silêncio antes do primeiro acorde,
é o gesto de estender a mão
mesmo quando o outro já partiu.

Ela dorme em livros esquecidos,
nas pedras que testemunharam
milênios de promessas quebradas,
e ainda assim
brilha.

Porque os séculos aprendem:
mesmo em ruínas,
a vida cava espaço,
e brota.


 

"Cada escolha de hoje despeja suas águas na vastidão do amanhã."

                                                                    Vicente Siqueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário