15 junho 2007

REMARIA (PEDRO MONTEIRO)

Conforme combinado com o poeta e amigo Pedro Monteiro, vou reiniciar a fase de publicar poemas, poesias e textos dos amigos aqui em meu blog.
Quem me acompanha desde 2005 sabe que já passei pela desagradável experiência de refazer meu blog devido a alguns contratempos provocados por alguns anônimos invejosos.
Com mais cautela pretendo inaugurar um novo tempo e para isso desejo a colaboração de vocês.
Quem for contrário à publicação de seus trabalhos (juntos com os meus) em meu blog, com todos os créditos, etc... etc..., manifeste-se, por favor.
O início vai ser esse excelente "Remaria" do Pedro, que eu considero um dos melhores.
Na caixinha de comentários, manifestem-se quanto ao conteúdo da poesia do Pedro e, por favor, se são contra, afirmem que não querem ver seus trabalhos publicados aqui, e que o atual esquema de apenas pequenas citações, como tenho feito, já é suficiente, ou digam se são contrários também a esse esquema.
OK? Conto com vocês.
Doces.
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Vicente
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Remaria


Remaria no mar é o passar do dia

Remaria é re-ser a mãe da poesia

Ver por cima das ondas o sol nascer

Uma onda atrás da outra, uma manhã atrás da outra

Remaria noite e dia.



Ver no fundo após as ondas, onde o mar é calmaria

É ser o mar dentro e a areia fora

Onde a vida partiria



E às vezes ver a praia como partida

Na maré salgada e tarde ardida



É ter de chão a areia

E ter de lar a maresia

Remaria, remaria.
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Pedro Monteiro
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COMEÇAR CHORARE

do que vivemos
sobraram o que começamos:
o carinho
o cuidado
a pouca vontade de deixar
tudo de lado.
sobraram atos e fatos
consumados
conversas esquecidas e
não retomadas
devidamente não esclarecidas.
sobraram a censura
a falta do bom senso
a falta de enredo
de opiniões
de desapego ao antigo.
faltaram
a coragem para recomeçar
o carinho que devia continuar
e sobretudo
a vergonha por deixar
tudo acabar.
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Vicente
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"El Baile
Meus olhos se desencontram na paisagem interrompida. Não há continuidade, em nada, em lugar nenhum, senão no perfume que o ar transporta. Na íris que se desdobra sobre o dia. Estremeço, torpor e prazer impelindo-me a dançar entre os instantes fragmentados. E danço, porque isso faz levantar a poeira dourada das horas, e descobre movimento onde reinava a quietude inteira..."
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13 junho 2007

DESCULPE, FOI ENGANO

o tempo rompido e cicatrizado
imprime louca cadência
em minha vida

e quando menos espero
já é tempo

de outro dia

já é aquele lugar
de desassossego
e lençóis amassados.

dalgum lugar repentino
a campainha rouca
abre espaços em meu sobressalto

de acordado sonambúlico
que tateia

em busca de um telefone mal instalado
à cabeceira.

após o “alô” de praxe
teimando em entender o que está acontecendo
do outro lado a voz

sobressaltada: “quem fala?”
após irresoluta indecisão afirmo
meio sem convicção:
“é o vicente...”

“desculpe
foi engano”

tumtumtum...

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Vicente

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Hoje não quero um texto bonito.Nem quero me preocupar com rimas ou concordâncias, só quero dizer que estou sentindo a sua falta.Horas já não são suficientes e a despedida se tornou insuportável.

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Rosângela.

11 junho 2007

LENCINHO

era um lencinho branco
de algodãozinho vagabundo

irrisoriamente vagabundo
e barato
acrescentaria eu.

pois foi com ele que acenei
esfuziantemente
e ela me percebeu
no meio da multidão

retribuindo o aceno.

daí a importância
emprestada ao meu rico lencinho
que guardo qual tesouro
numa caixa
com naftalina.
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Vicente
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10 junho 2007

TARJA PRETA

minha trajetória
(acidentalmente)
acidentada
não me deixa esquecer
da falta que a sua (grave) voz
faz
aos meus ouvidos
já entediados
de tanta ausência
a pedir em mim
um remédio
controlado:
você.
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Vicente
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"E como em um passe de mágica suas palavras tomaram o lugar dos beijos e das carícias dele..."
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Nanda
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06 junho 2007

CADÊ ALESSANDRO?!?

(BARILOCHE II)

não tem
horário de verão
por essas latitudes temperadas
a nos acusar
que daqui a pouco desaba a noite
(pelas cachoeiras do tempo.

parado à beira do nada
que antecede
a semi-escuridão vulgar
já me precavia dos efeitos do etílico
que (com certeza) viriam
quando
à queima-roupa me perguntam
em belíssimo espanhol se:
“usted es Alejandro?”.

ainda assustado
pela aparição de beleza
tão esguia
arrisco
meu envergonhado portunhol
e digo que “no”
e
tantas besteiras “más”.

...só quando rompia a manhã
estrangulando a madrugada decadente
demo-nos conta da incoerência do encontro
que nos levou a esquecer diferenças
de idiomas
para conferirmos
nossas línguas
simplesmente...
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Vicente
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"Sintonia
o poeta às vezes deixa o Poema escrever-se. o Poema às vezes deixa o poeta escreve-lo."
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Wilson Guanais
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04 junho 2007

SONHO DA PELE

minha pele

sonha

seus toques morenos

repletos da imaginação

de

chuva

em dia de sol

de verão.

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Vicente

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" O futuro depende de muitas coisas, mas de apenas uma pessoa: você.

Não importa que se esconda, ou renegue sua face, em algum momento, a capa cairá.
A verdade, sempre surgirá!"

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Esyath Barret

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03 junho 2007

DEMORAS

demoro para entender palavras

intenções

eloqüências

que prenunciam conquistas

viagens para descobrir mundos

que estão em minhas mãos

... Cheias.

demoro para perceber olhares

e trocas

de gente que chega

e quer ficar

e espalha poesia

e que se sair

tem vontade de voltar

e se realmente vai

não demoro

a chorar.

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Vicente

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02 junho 2007

EFEITO ESTUFA



que poente alaranjado
é esse
?
que se mostra em namoro
de enlaçar
vermelho com amarelo
?

são raios de sol

colorindo o fim do dia
?

são viagem
nos segredos
da prenhez
das noites de verão
?
ou

são reflexos de histórias
e desperdício
da poluição
?
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Vicente
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Divido esse espectro
Em pigmentos
Do prisma o arco-íris
Preso num pedaço de velcro.
Vestígios
Que refletem na terceira margem
Minhas cores em harmonia
Extraindo no fundo os cristais
Que compoem a minha vida."
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Rafaela Silva Santos
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