13 outubro 2025

FIZ BACKUP DO QUE SENTI

 Fiz backup do que senti

Antes que apagasse,
fiz backup do que senti.

Copiei teu riso pra uma pasta segura,
salvei teu olhar em nuvem,
nomeei como “inesquecível_final_versão”.

Desconfio dos sistemas,
mas confiei no instante:
aquele em que tua presença
parecia carregar todos os megabytes da ternura.

Não deixei que deletassem.
Mesmo que tu saísses do frame,
mesmo que mudassem o código.

Criei senhas em metáforas,
formatei a saudade em poema,
e instalei um antivírus
contra tudo que tentasse reescrever
o que fomos.

Agora, se quiseres saber,
ainda estás lá —
entre os arquivos ocultos do toque,
nas configurações avançadas da lembrança.

Fiz backup do que senti.
E ainda acesso,
mesmo off-line.

AQUELA LINHA TÊNUE



Aquela Linha Tênue

Aquela linha tênue —
sutil, quase ausência —
separa o eu de mim,
como névoa entre dois espelhos
que já não se encaram.

Separar o eu de mim
é tarefa de vigília,
de quem sobe à torre
todas as noites,
com olhos que nunca dormem
e um coração em sentinela.

Lá do alto,
vigio as fronteiras do que sinto,
marcando com o olhar
onde termina a máscara
e começa a pele.

Há um abismo discreto
entre o que digo e o que me cala.
E essa linha fina,
tensa como corda de harpa,
às vezes canta.
Às vezes corta.

Separar o eu de mim
é arte de quem já se perdeu
e aprendeu a permanecer.
Mesmo vigiando,
mesmo partido,
ainda inteiro

REVERÊNCIA AO NOME

Reverência ao Nome

No silêncio do infinito,  
ergue-se o Nome que habita além das estrelas,  
não clamado para ser ouvido,  
mas venerado em cada pulsar da alma.  

Pai que acolhe o desassossego do mundo,  
teu nome é espaço sagrado,  
onde a esperança seca floresce,  
e o coração aprende a reconhecer  
a santidade que nos envolve,  
não em sons, mas no sentir profundo.  

Que em cada gesto, seja o teu nome exaltado,  
não como grito, mas como luz que atravessa as sombras,  
consagrando o dia, templando a noite,  
presença imensa em nós, invisível e doce.  

Que seja teu nome o caminho e a morada,  
a cessação das dúvidas, o abrigo de paz,  
em ti, Pai, descobrimos o sagrado repouso  
que transcende o céu e desce à terra.