15 agosto 2024

SOPRO SUAVE

  

Sopro Suave

 

A porta rangeu, e o medo

Que apertava meu peito

Desfez-se no ar como fumaça.

Teus olhos, antes só lembrança fria,

Brilharam na penumbra do corredor

E a luz do poste, lá de fora,

Desenhou teu sorriso

Que eu achei que nunca mais veria.

 

Não houve pressa, nem palavras grandes,

Apenas o teu corpo em meu abraço.

O peso dos meus ombros

Fundiu-se no teu ombro, leve agora.

A pele aquecendo a pele

Num silêncio que falava tudo

Sobre a urgência de estarmos perto,

Desfazendo o nó que nos prendia.

 

O relógio, antes zombeteiro,

Perdeu seu tique-taque apressado.

O cinzento deu lugar a um tom mais claro,

Um respiro longo, profundo,

Que me devolveu o ar que faltava.

Não há mais insônia, nem cansaço,

Só a certeza macia da tua mão

Na minha, guiando-nos de volta ao lar.

 

 

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