Sopro Suave
A porta rangeu, e o medo
Que apertava meu peito
Desfez-se no ar como fumaça.
Teus olhos, antes só lembrança fria,
Brilharam na penumbra do corredor
E a luz do poste, lá de fora,
Desenhou teu sorriso
Que eu achei que nunca mais veria.
Não houve pressa, nem palavras grandes,
Apenas o teu corpo em meu abraço.
O peso dos meus ombros
Fundiu-se no teu ombro, leve agora.
A pele aquecendo a pele
Num silêncio que falava tudo
Sobre a urgência de estarmos perto,
Desfazendo o nó que nos prendia.
O relógio, antes zombeteiro,
Perdeu seu tique-taque apressado.
O cinzento deu lugar a um tom mais claro,
Um respiro longo, profundo,
Que me devolveu o ar que faltava.
Não há mais insônia, nem cansaço,
Só a certeza macia da tua mão
Na minha, guiando-nos de volta ao lar.
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