NOVO DE NOVO
Eu já não me sentia assim tão verde
tão adolescente.
senti que era a primeira vez
porque foi
a primeira vez
que fui convidado
para ver a lua
e de contrapeso,
para dançar.
gesto automático, olhei o céu
e parecia fazer sentido o convite
que era um pedido.
deixei a casa mais fechada onde eu estava e
encarei de frente a cidade, a cidadela,
a cidade minha e dela
pela vidraça fechada da janela.
aproveitei para experimentar cada gota
daquelas palavras
que me vinham pelo telefone.
desligo tudo e me desligo em busca
das procuras interiores:
um banho, um uísque, um perfume
um toque final no traje bem passado
de rami e linho.
inauguro em mim algumas peças mal trocadas,
quebradas, estilhaçadas.
inauguro sonhos, esperanças, idéias, trapalhadas.
eu na rua após alguns degraus que descem para o agora.
se é para se arriscar
que me entregue primeiro
que me derrame por inteiro.
a lua é testemunha de tudo que é verdadeiro:
a dança, a fé, a pouca lembrança
do muito que corre em nossas veias
e ocorre, enredando-nos
nas teias das coisas que nos chegam
apenas por intenções
leves intenções