22 maio 2008

FRAGMENTOS DE UM INSTANTE

 

Fragmentos de um Instante

Entre as luzes da cidade,
perco-me em reflexões fugazes,
cada rosto uma história,
cada passo, um destino.

A pressa é um manto pesado,
mas eu danço no compasso do agora,
onde o tempo se dissolve em risos
e a memória é feita de instantes.

Um café esfriando na mesa,
um olhar que se cruza e se despede,
fragmentos de vidas que se tocam,
como notas soltas em uma canção.

E no caos do cotidiano,
encontro beleza nas pequenas coisas:
o cheiro da chuva no asfalto,
o brilho da lua entre nuvens.

Esses momentos são ecos,
pedaços de eternidade que escorrem,
como areia entre os dedos,
mas deixo que fiquem gravados no coração.

20 maio 2008

MORADA

 Morada

A inspiração não grita,
ela sussurra da gaveta.
É o cheiro do café passado,
a dobra torta da coberta,
um nome que volta
sem que alguém chame.

Ela mora perto.
Entre a fresta e o tempo.
Entre o quase e o pensamento.
Às vezes, veste o silêncio
e senta no sofá
sem fazer alarde.

Não é preciso buscar longe.
Basta abrir a janela
com um pouco de alma,
deixar a porta encostada,
e o peito desarmado.

Até já,
coração aberto.
Ela sempre volta
quando é bem recebido.

MORADA (Letra para Música)

 

Morada (letra para música)

Verso 1
Ela não chega gritando,
vem devagar pela sala
É brisa passando a tarde
Na dobra de uma toalha

É cheiro de café velho
Que acende um verso esquecido
Um nome que volta ao peito
Sem que tenha sido ouvido

Refrão
Ela mora perto
Na fresta do tempo
Entre o quase e o pensamento
Não precisa muito, só deixar aberto
Que ela vem sem vento

Verso 2
Veste o silêncio da casa
E senta no meu sofá
Feito visita querida
Que não precisa avisar

Refrão final
Ela mora perto
Num canto discreto
No toque leve, no olhar direto
Até já — coração aberto
Que ela sempre volta
Quando é bem recebido

19 maio 2008

PRÓXIMA ETAPA (Letra de Música)

Próxima Etapa (letra para música)

Verso 1
Não apresse a dor que passa
Deixa o tempo te ensinar
Cada sombra tem seu traço
Cada riso, o seu lugar

Verso 2
Colhe o que ficou no chão
Meio sonho, meia estrada
As palavras que se foram
E as promessas penduradas

Pré-Refrão
Sopra o medo devagar
Guarda a esperança lavada

Refrão
Respira, sem pressa da capa
O amor tem suas vírgulas
E a vida, suas paradas
Agora sim
Com calma na alma
Prepare a próxima etapa

Verso 3
Penteia o luto com leveza
Veste o gesto mais sincero
Que a coragem se disfarça
No silêncio mais singelo

Refrão final
Respira, sem culpa ou mapa
O caminho vai se abrir
Mesmo sem carta marcada
Agora sim
Com fé que não se atrasa
Prepare a próxima etapa
Prepare a próxima etapa


ANTES DA PRÓXIMA ETAPA

 

Antes da próxima etapa

Não apresse.
Deixa a água ferver no tempo certo.
A vida não é receita de bolo,
mas exige fermento.

Colhe o que ficou no chão,
as palavras que ninguém usou,
as promessas pela metade,
os silêncios que disseram mais.

Penteia a dor com cuidado,
guarda a esperança limpa,
sopra o medo devagar.

Respira.
O amor tem suas vírgulas.
A coragem, seus intervalos.

Agora, sim —
com calma no peito
e o coração de manga arregaçada:
prepare a próxima etapa.

18 maio 2008

SEM TEMPO

sem tempo para escrever,
no entanto, o beijo eu trouxe...
beija-me, beija-me, beija.

sem tempo para cantar,
no entanto, a esperança está comigo...
cante-me, cante-me, cante.

sem tempo para divagar,
no entanto, o amor está por aqui...
ama-me, ama-me, ama.

sem tempo para perdoar,
no entanto, o grito se desfaz na garganta...
grita-me, grita-me, grita.

sem tempo para ter tempo,
no entanto vejo a luz no fim do túnel.
então vê.
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Vicente
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10 maio 2008

FLASH BACK

tanto eu tinha pra dizer
e ouvir
que acabei me calando
e tapando os ouvidos.

deu-se aquele silêncio
ousado
que me fez andar
pelas minhas ruas

descalças

descalço
e passei a entender
a nobreza do barulho
a necessidade do burburinho.

eu ando com fome de carinho
mas não me fiz de rogado.

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Vicente
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"decididamente não acredito em destino. A gente pode sim se desviar dele, mudar o curso. O problema é que nem sempre a gente quer, e fica arrumando um monte de problemas. Não precisava. Destino. É só dizer não. E seguir o caminho."
Cláudia - http://leve1.zip.net/
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"Não há poema em si, mas em mim ou em ti."
(Octavio Paz)