Gravidade Particular
Sim, a alma está presa numa gravidade particular.
Não é a que puxa as maçãs ao chão,
nem a que sustenta os planetas em suas órbitas,
mas uma força invisível,
que me retém.
Há um centro de peso dentro do peito,
um núcleo denso de memórias
e futuros não vividos,
que me ancora a um ponto fixo,
mesmo quando o mundo ao redor
gira em vertigem.
Eu, o homem que tenta alçar voo,
sinto as asas pesadas,
a energia drenada por essa atração
que só a mim pertence.
É um campo de força íntimo,
onde os sonhos nascem e morrem
no mesmo instante,
sem nunca de fato se desprenderem.
E nessa prisão sutil,
busco o ponto de fuga,
a exceção à regra que me governa.
Porque mesmo sob essa gravidade,
a alma ainda pulsa,
teimosa,
com a memória distante
de um tempo em que voar
era apenas respirar.
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