O Vazio da Janela
A madrugada avança,
Seis, quase sete.
Nenhum vestígio de cor.
A aurora ainda não rompe.
Imagino-me à beira da calçada fria.
Procuro-me no fumo que se esvai.
Há um peso de tempo parado sobre minha alma.
De novo sou eu a não encontrar o início.
Talvez por ser um tanto inconstante
Ou por me amar demais,
Resolvo me sentar e me contar segredos mudos.
Desenhando formas no chão com a ponta do pé.
Um poeta sem voz, entre o caos e o silêncio.
Eu me explico com a minha própria sombra
Por não achar uma rima que me caiba.
Mas tento me fazer presente.
Agora sou só eu em um palco escuro.
Um palco onde a verdade deve surgir.
E a plateia, no caso, sou eu.
Não escrevi nada porque não há mais linhas.
Me afasto da cena sem nem me entender.
Lanço a mim um olhar de aceitação,
Mas não tem jeito,
Eu sinto.
Hoje a inspiração não vai florescer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário