Luzes de Concreto
A cidade acende
antes do sol sumir
como quem tem medo
do escuro de si mesma
faróis piscam como corações
em estado de urgência
e as janelas brilham
feito promessas adiadas
há beleza
no aço que respira
na pressa que também ama
nos passos que se cruzam
sem saber os nomes
sou feito de calçadas
que ouviram confissões
e de postes que vigiaram
minhas noites mais densas
mas mesmo entre muros
e buzinas e fumaça
a vida insiste
em florescer rachaduras
as luzes de concreto
não aquecem a pele
mas acendem
alguma fé
de que ainda é possível
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