09 abril 2009

PONTO PRAS MENINAS




não quis falar
nem sequer pensei no que havia
pra te dizer
porque ainda não sabia como
nem o que dizer.
tenho isso comigo
é meu jeito
é meu modo de ser
de intercalar tagarelices
com longos silêncios.


ouvi de mim os segredos que ousara sonhar
na mais crescente confusão de sentidos
como em qualquer outro momento
mas não compartilhei as idéias
só as sedes e fomes dos amores
das irisadas ilusões mais ousadas
(que não ousara revelar)
por isso me calei
por isso me retirei.


e minhas idéias quedaram-se como estradas
de uma via só
de ida sem vinda
como vontades sorrateiras
que preferi ocultar
como monólogo recitado
no mais completo ermo
para não se espalhar.

agora aplaudo minha decisão
de voltar
porque te conheci
tão cálida
tão sentida a beijos e doces
igualzinha ao que eras
mas
muito
muito melhor.
.
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Vicente
.
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"Às vezes as pessoas tomam algumas atitudes e não tem noção do que isso pode gerar nas outras, as consequências podem ser desastrosas, geram dor e tristeza ..."
Andreia Vask
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07 abril 2009

A MELODIA SILENCIOSA DA SAUDADE

 

A Melodia Silenciosa da Saudade

Eu me sento na janela,

o vapor da xícara de chá

desenhando formas no ar frio da manhã.

Lá fora, a cidade desperta sem pressa,

seus ruídos abafados

pela distância e pela névoa.

E em mim, uma melodia,

silenciosa e persistente,

começa a tocar.

 

Não é uma canção triste,

não exatamente.

É mais como o eco de passos em um corredor vazio,

a lembrança do calor de uma mão que já não sinto.

É a saudade,

com seus dedos invisíveis,

tocando as cordas da minha memória,

despertando rostos, risos,

palavras ditas em outros tempos.

 

Eu fecho os olhos

e as imagens vêm como flashes,

rápidas e nítidas.

Aquele dia na praia, o cheiro de sal.

A conversa de madrugada, a cumplicidade no olhar.

Pequenos fragmentos que se juntam,

formando um mosaico

do que foi e do que permanece,

mesmo na ausência.

 

A garganta aperta um pouco,

mas não há lágrimas.

É uma doçura amarga, essa saudade.

Ela me lembra da riqueza

do que já vivi,

das pessoas que cruzaram meu caminho

e deixaram suas marcas em mim.

É o presente que o passado me oferece,

um tesouro invisível

que guardo dentro do peito.

 

Eu abro os olhos novamente,

o chá agora morno.

O mundo lá fora continua seu ritmo,

indiferente à minha melodia interna.

Mas eu sei que ela está ali,

essa canção que só eu ouço,

e que, de alguma forma,

me faz sentir mais vivo,

mais humano,

mais conectado

à vastidão do que fui

e ao que ainda sou.