15 abril 2023

A FORMA DO INVISÍVEL

 

  A Forma do Invisível

Nem tudo tem contorno.
Às vezes, o poema
é só vento que pensa,
é mar sem costura.

Mas a forma chega
como quem molda o ar,
um gesto que curva
o que se quer tocar.

É o corpo do som,
a linha do espaço,
o peso da pausa
no fim de um abraço.

Criar é inventar contornos
praquilo que escapa,
dar forma ao silêncio
sem que ele se quebre.

Porque o invisível,
quando ouvido com cuidado,
tem um rosto possível.



01 abril 2023

A COR QUE SE ESCONDE

 

A Cor Que Se Esconde

A cor não grita —
ela espera, escondida
no canto do verso,
na dobra do dia.

Às vezes, vem cinza
feito céu sem resposta,
às vezes, explode
num azul que aposta.

É o vermelho
do susto ou do sangue,
o amarelo
que dança na língua,
o verde do tempo
que nunca se cansa.

Criar é manchar o vazio
com o tom que se sente,
pintar com o pulso
aquilo que mente.

Porque há cores que nascem
só quando se escreve.