Silêncios Audaciosos
E então eu me vi conversando
com os meus silêncios mais audazes.
O eco da minha voz sumia antes de tocar as paredes,
perdido na vastidão que se abria entre cada pensamento.
Um deserto de palavras não ditas,
uma constelação de "e se" suspensos no ar.
Eu, um homem de pele marcada pelo sol,
pelos dias que insistem em não se calar,
sentei-me no chão frio da minha própria ausência.
Eles vieram, um por um,
meus silêncios, aqueles que guardam
os gritos abafados, os risos contidos,
os medos que dançam nas sombras da madrugada.
O primeiro, um gigante de pedra,
falou-me dos caminhos não tomados,
das portas que deixei se fecharem
sem sequer um adeus.
O segundo, um sussurro macio como pluma,
contou sobre a doçura dos começos,
os cheiros que se perderam no vento,
as mãos que não segurei por mais um instante.
E eu ouvia, sem pressa,
a poeira do tempo assentando em meus ombros,
cada respiração uma revelação.
O terceiro, um brilho nos olhos,
mostrou-me a coragem que se esconde
nas horas mais escuras,
a fé inabalável em cada novo amanhecer.
E então eu soube.
Não era sobre preencher o vazio,
mas sobre dançar com ele,
entender a melodia das pausas.
Levantei-me, o peito mais leve,
os pés firmes no chão de terra batida.
Meus silêncios, agora amigos,
seguiram ao meu lado,
uma orquestra particular,
prontos para a próxima sinfonia
que o amanhã, em sua ousadia, trouxer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário