19 fevereiro 2007

LÁBIOS

não
vou exigir
muito.

vou aprofundar
sempre que necessário
essa vontade
de colocar lábios
sobre lábios
para que eles mesmos
reflitam
sobre o toque.
.
Vicente
.
"...não me encanto facilmente por qualquer batuque ou ruído que aos olhos de um mundaréu se passa por música..."
Jefferson P.

18 fevereiro 2007

SOLENE DESPEDIDA

houve o espanto e a compreensão
dos fatos inusitados
presentes
coisas
vividas noutros tempos
desconfortáveis
bailando entre o patético e o covarde.

coisas
alimentando ilusões descabidas
e espetáculos deprimentes
que sabem a ecos de solidões
que se tocam
que sabem a imagens de traições
que se criam.

fantasmas reais de um querer
que não se confirmou.

um “a gente se vê”
é suficiente para se despedir.
e partir.
.
Vicente
.
.
"Não quero ferir nossas cicatrizes deixo-as encerradas sem a pele morta sem o ar do passado..."
Mary
.

16 fevereiro 2007

SE BEBER NÃO DIRIJA

eu te adianto
que se ficarmos os dois
embriagados
(de amor)
entro no primeiro sonho
e te carrego

depois a gente resgata
a realidade.
.
Vicente
.
.
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"...Escrever é produzir epílogos do não iniciado. Sumarizar o diáfano. Documentar o não-acontecido. Testemunhar em falso. Dar (in)versões do impalpável..."
Cecília Cassal
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15 fevereiro 2007

OUVINDO ESTRELAS

porque é tarde.
brota daqui
e de lá
uma escuridão
(que já pleiteia uma vaga no céu).

estrelas gritam seus luares
e as ouço aos cânticos
pelas implicações do verbo:
ouvir estrelas

e a Lua
notívaga
...vaga
com cara de boas vindas
com luz calma e simples
convidando-as
para o passeio
vespertino/noturno
que ressurgirá
como sempre
até o dia despertar.

por aqui passamos na faina diária
sem perceber
o maravilhoso espetáculo que a natureza faz.
que a natureza fez.

agora já é noite outra vez.

pausa para ouvir
estrelas.
.
Vicente

.
.
.
"Tudo acaba, eu sei. Até as luzes celestiais se vão, apagando-se. E a luz o céu vai cobrindo.
E a morte vai cantando seu hino..."
Rafaela Silva Santos
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14 fevereiro 2007

AMIGO/AMIGA

vesti a fantasia do real
e me desloquei
da rota do onírico.

transformei o não imaginado
em alguém de carne e osso
e de lábios vermelhos
e beijo quente
e coisa suave.

alardeei sem alarde
que a vida se fazia urgente
e que o agora era o instante

das mãos nas mãos
do toque no toque
do delicado poder da delícia

que marca o encontro
que explode em afinidade
que é mais que amor
que é mais que paixão
que é mais que amizade.
.
Vicente
.
.
.
"...Hematitas e magnetitas, nos altos fornos, e meu sangue correndo nas veias qual o gusa incandescente, lembram-me a força da vida, onde estão minhas raízes..."
Claudinha
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13 fevereiro 2007

PAREDE DE REBOCO

meu poema
refeito da dura realidade
(de não ter mais você como musa)
esbarra em outras dermes
outras epidermes
outros arrepios

outras companias

que inspiram o arremedo da poesia.

mas na parede de reboco
que é a
minha mente
que é a
minha memória
você é um quadro pendurado
no prego da minha história.
.
Vicente
.
.
.
"...Toda pessoa tem um alguém que se foi
Um alguém que foi pego em flagrante
Um alguém que prometeu um brilhante
Um alguém que saiu pra jogar
Toda pessoa tem um alguém
Que esqueceu de voltar..."
Giovanni Lucato
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10 fevereiro 2007

MEIO AND MEIO

porque se chamava ficção
e se mostrava
realidade

meio tímida e baixinha
meio histórias que teimam em não acontecer
meio enredos batizados
meio tramas variadas.

banalizava a personagem
que desenhava
e redesenhava seus papéis
requeridos pelo diretor
onipresente
que insistia em dirigir a sua vida.

meio companheira de uma viagem
sem fim
pelo interior de uma idéia.
meio minha.
meio de outro.
.
Vicente
.
.
.
"

09 fevereiro 2007

BARILOCHE

amanhecia
um sol frio e melancólico
por entre as
persi
anas
in
sones
(e douradas)
de

Bari
Loche

que perscrutavam
pela janela
sonolenta.
.
Vicente
.
.
.
"Decreto que esse ano todas as agremiações se calarão por um minuto, pois descobri o amor e que nenhum samba, por mais boi com abóbora que seja, falará de amor, sem citar minha morena e o que o fizer, será punido, com pontos em enredo e fantasia..."
Pedro Monteiro
.

08 fevereiro 2007

POETISAS & POETAS



POETISAS




(para mim)
nas poetisas
algo de música
de luar
de liberdade
e de vinhos de boa estirpe.

em sua maioria
cheiram a amêndoas raras
e transpiram linguagens
que ressoam significados
poliglotas.

sua congenitude proposital
só é
(às vezes)
superada
pelas próprias essências
circulares que exalam
de seus momentos
Íntimos

quando se abrem
para eternizar a
criação

e

nos mostrar
que
mesmo nos momentos
esquecidos
"Há uma bruma pálida
Que alcança todos
Os sonhos adormecidos..."
.
Vicente.
.
.
.

07 fevereiro 2007

PROGENITURA DESNATURADA

sou progenitor de uma coisa descabida
chamada Eu.
sou aquele que abandonou a criatura
quando se encontrava perdida
e que por isso jamais se ergueu.

sou o pai desnaturado da figura
tímida e arredia
que a todo momento pedia
(apenas) uma chance de viver
e de se encontrar

ms acabou por se perder
e na mágoa se enterrar.

a criatura sou eu
também sou o criador
que morreu.
.
Vicente
.
.
.
"Não temer as palavras não é fácil. palavras doces são ótimas; palavras menos doce são difíceis...mas palavras são palavras e os poemas precisam de todas elas..."
Lívia
.

05 fevereiro 2007

CORAGEM

meus textos
insistiam em conter
teus cabelos
e gestos
que me falavam
com voz dos amores
que não comportam erros.

nunca percebi
que tinhas
nas mãos
as palavras
(e a coragem)
apropriadas
para jogar por terra
todas
as minhas mais infundadas
esperanças.
.
Vicente
.
.
.
"POETA
Não tema o dia que se apresenta, hoje, inútil...
Aos olhos do poeta ele se transforma sempre, mesmo que em utilidade frágil..."
Lívia
.

04 fevereiro 2007

INFINITIVO TAMBÉM É VERBO

porque medo transpirou
coisas
que eu nem ousara sonhar.

por seres
(infinitivamente pessoal)
quem eu não supus encontrar.

e me vires agora
redobrar-me as vertigens
que insistem em
percorrer todas as cavidades
das minhas veias?

que tal saíres?
.
Vicente
.
.
.
"que pena, que são só promessas a promessa do novo, do recomeço, do sério, do alvo, da busca.
Só mesmo sendo mortal para acreditar que podem se cumprir as promessas feitas , em tempo de nostalgia..."
Cláudia - Oxigênio
.

02 fevereiro 2007

DESCOBRINDO

rio do seu largo sorriso
ao notar
as verdes folhas que rebentam
aqui e ali em meu quintal.

perguntas
achados
surpresas:

alecrim
alfazema
manjerona

outros risos:
manjericão
rosas
dálias...

brotam alegrias por cada
descoberta.
.
Vicente
.
.
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"...Quem faz as regras morais absurdas - ou quem cuida para que elas sejam obedecidas com rigor - é certamente uma pessoa insensível às coisas do coração maravilhado. Não pode ser um poeta; geralmente é um ditador..."
Edson Marques
.