18 abril 2004

SETE E CINQÜENTA E SETE

batem-me vontades
de buscar-te a ti
percebo então os ponteiros do relógio
descrevendo improváveis acenos
a apontar-me que é madrugada.

alguns sons insones
apontam-me contrastes
enganos
equívocos.

avançam ponteiros
escandalosamente lentos
e te encontro neles
ali e além.

tento dançar-me contigo
nNas danças
nas tranças
que lembro
em corpos
caprichos
entregas
visões.

e os ponteiros?
arrastam-se
os malditos!
em segundos
que parecem léguas
em minutos
quilométricos
em horas abissais.

ainda
as vontades de apaziguar-me.
enxugando-me
em frente aos espelhos
de engodos
peles
suores
frios.

agora é tarde.
o metrô passa às oito.
e os ponteiros?
sete e cinqüenta e sete.
.
.
Vicente
.
.
"...Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma.
"William Shakespeare